sexta-feira, 7 de janeiro de 2011

Liberdade



A vida em sociedade pressupõe a criação de laços sociais, a interdepêndencia dos seus membros, pois uma sociedade só existe por os seus individuos necessitarem de se entre ajudarem para suprir as suas necessidade básicas.
Contudo, sinto com o passar do tempo que cada vez mais nos isolamos. Sinto que as relações familiares começam a desparecer, as relações de vizinhança apagaram-se no tempo.
Estamos a tornar-nos ilhas na multidão silenciosa que se cruza, triste, deprimida e infeliz; Vivemos todos voltados de costas uns para os outros num um clima de egoismo e solidão, procurando nas redes sociais o que não não conseguimos dar na vida real.


E nestes tempos de mudança e de compressão dos direitos individuais dos cidadãos a solidariedade começou a quebrar-se.


Inclusivamente as diversas classes liberais, postulares defensores das liberdades, direitos e garantias, encontram-se perdidos em guerras internas em busca de protagonismo.


somos uma sociedade egoista, preocupada com futilidades, despida de valores, esturpada pelo poder ecónomico, saqueada do seu amor próprio por agentes públicos corruptos.

A República saiu pobre das ruas de Paris, vestiu-se, engalanou-se de diamantes, enriqueceu e deixou-se corromper pelo poder.

Sinto o pulsar desta sociedade sem rumo, que sente a impunidade que quem deturpa os poderes públicos.

Precisamos urgentemente de pensar os modelos de governação e de gestão. O princípio da Separação de Poderes está minado e cerceado.

Criticam-se os Juízes e muitas vez os advogados e os solicitadores por, em sede disciplinar, serem julgados por pares, lançando suspeitas de proteccionismo de classe.

Mas digo-vos, a justiça é o pilar basilar da defesas dos direitos, liberdades e garantias. O Garante da democracia e do Estado de Direito. E como tal os Conselho Superior da Magistratura ainda devia ter uma maior independência.

Em termos constitucionais não podemos esquercer que os Tribunais são um órgão de Soberania, e os juízes os seus titulares. E é com essa dignidade que deverão ser tratados.

Ora assim sendo, não se entende que o Conselho Superior de Magistratura - Orgão disciplinar e tutelar daquele órgão de Soberaria seja composto por representantes do poder político.

Onde está a separação de poderes? Porque é que o nosso legislador constituicional desconfia do poder judicial? Assim sendo porque é que o poder judicial não tem seus representantes da Assembleia da República ou no Governo.

Na verdade, entendo que a Constituição cerceia o poder Judicial, desconfiando dos mesmos, talvez por razões de ordem históricas, em que os Tribunais eram apenas um meios de realizar os intentos do poder instituido.

Mas isso não faz sentido, não no quadro social actual e muito menos atendendo aos princípios e valores das democrática ocidentais subjacentes, aos quais o nosso legislador constituicional foi beber as soluções consagradas.

Para o Poder Judicial ser verdadeiramente independente, de quaisquer pressões, temos de eliminar tais peias que cerceiam a verdadeira liberdade da Justiça.

Outra amarra, é a falta de independência economica ou financeira dos Tribunais. Os vencimentos dos Exclesos magistrados não deviam estar na dependência do Governo, nem tão pouco as verbas a atribuir aos Tribunais, mais a própria rede informática dos Tribunais deveria sair da alçada do Ministéria da Justiça.

Pois a independência passa também pela autonomia de meios.

Os Tribunais deviam ser dotados de verdadeira autonomia financeira, fixados, por Lei os critérios pelo qual o orçamento do Poder judicial deveria ser elaborado e tal como o Orçamento Geral do Estado, sem votado na Assembleia da República.

Na verdade é a Assembleia da República o órgão que deveria ser a voz do Povo, suporte do Estado de Direito Democrático.


Assim se algum órgão de Soberania, cujos titulares não sejam eleitos directamente pelo Povo, deva ser fiscalizado, deverá ser aquela Assembleia a fazê-lo.

Deste modo cortar-se-ia mais uma das amarras que prejudicam a verdadeira independência do poder Judicial.

A principal fragilidade é a sede de poder que é usual corromper mesmo os melhores corações, e os juízes livres de quase todas as amarras ao Governo, criarem um Estado judicial dentro do próprio Estado.

Desde logo e apelando à união de todas as ordens e câmaras profissionais liberais seria de criar um órgão de recurso das decisões das próprias instituições profissionais.

Assim era garantido que as ordens profissionais defendessem apenas os interesses da classe, mas que fossem decisões justas e equilibradas, e evitar-se-ia a ingerência governamental nas mesmas.

Na verdade, as classes liberais, mesmo em tempos de regimes autoritários sempre foram a voz do mais fracos e dos oprimidos, o verdadeiro baluarte da oposição à destruição dos direitos fundamentais (parece-me que hoje está mais apagada, quem sabe fruto de uma maior liberdade, ou não. Talvez fruto da sua própria opolência, ganância e lutas internas pelo protagonismo que o poder confere).

Assim, é tempo de deixarem de estar de costas voltadas, unirem-se todos em volta da defesa do Estado de Direito Democrático, que arrisco dizer está a soldo do poder económico.

É suposto deixarmos um mundo melhor para os nossos filhos, mas o que estamos a deixar é um legado debitório demasiado pessado para eles levarem...

Por mim terão sempre o compromisso de lutar pelo que entendo ser justo, ainda que seja o único a gritar no meio de uma multidão surda...



Bem hajam.

segunda-feira, 6 de abril de 2009

Reflexões Esparsas

Por vezes deixamos-nos guiar por esta nossa condição humana. Esquecemos os verdadeiros propósitos da nossa existência. Esquecemos o verdadeiro milagre que é acordar todos os dias e sentir o cheiro da vida de nos rodeia.

Nada mais insufla as nossas almas de alegria que acordar ao lado de alguém com quem partilhamos a nossa condição, independentemente de crenças, religiões, raças ou cor... Toda a nossa vida é orientada para esse propósito: a propagação da nossa herança genética.

Desde que nascemos todos nos programa nesse sentido. Os pequenos jogos, os ensinamentos... Apenas ferramentas para evoluir...

Mas cegos por interesses diversos esquecemos a nossa missão e o nosso lugar neste mundo.

A humanidade nasceu... Perdido num mundo obscuro vivia em comunhão com o universo, apenas tinha que preocupar-se com a busca de alimentos e a defesa do seu legado.

Crescemos, descobrimos o fogo, a roda, a escrita. Descobrimos ferramentas e ensinamentos... E perdemos o nosso rumo, a verdade que nos devia nortear.

Ficamos obcecados pelo conceito individualista da posse... Pelo egoísmo. A sociedade não passa de um palco onde cada actor procura afirmar o seu ego, procurando o reconhecimento entre os seus pares, esmagando-os, ofuscando-os com o seu egoísmo extremo...

Esquecemos o nosso lugar no mundo... Apenas importa o nosso querer... A que custo? Matamos espécies que apenas ficaram no nosso imaginário... Todos os dias mais um ser desaparece para a eternidade... Não fruto de uma selecção natural, mas fruto da nossa acção sobre o mundo.

Hipotecamos os futuro do planeta e dos nossos filhos e netos... A troca de quê? De absolutamente nada... Todos os dias fazemos um pacto demoníaco à procura de mais bens materiais...

Os nossos governos corrompidos pelo próprio poder olvidam a missão que lhe foi confiada: proteger os interesses dos cidadãos.

Norteados pelos próprios interesses, utilizam a lei como instrumento da sua opressão e dos seus intentos obscuros. A lei deixou de ser um instrumento da defesa dos interesses particulares, para oprimirem os cidadãos. Para legitimarem interesses que doutra maneiras não seriam protegidos...


Criam-se associações, grupos religiosos, apenas com o intuito de promover os seus dirigentes... Mesmo as Religiões apenas visam a sua própria afirmação... Em anda se preocupam com o ser humano ou com a sociedade...

Somos todos humanos, independente de raça, cor, sexo, local de nascimento. Apenas temos uma preocupação, ou apenas a deveríamos ter: Viver cada dia com aqueles que amamos.

As guerras não fazem qualquer sentido para o indivíduo, não servem os interesses das populações, mas apenas dos seus dirigentes... São as populações que sofrem os seus efeitos: Com a fome, a morte dos seus familiares, as doenças, as pragas... Enquanto os governantes, escudados pelo seu suposto papel vivem protegidos desses perigos...


As fronteiras nada mais são do que cercas, quais feudos defendidos pelos governantes para afirmação do seu poder supremo.

Nada mais do que a justificação para cobrarem impostos, e de reinarem sobre os seus cidadãos.


Enganados por estes artifícios milenares, vamos vivendo como cordeiros a caminho do matador... Embalados por falsas promessas de um futuro melhor, essa corja de parias, arvorando a bandeira da defesa dos interesses públicos vão engrossando as suas contas bancárias.

Cerrando as fileiras contra quem se oponha ao sistema instituído, suprimem qualquer sopro de revolta...

Apenas quando suprimirmos esse parias que nos toldam a sociedade, quando apenas conseguirmos compreender a nossa verdadeira condição, independentemente do local ou cor de nascença...

Perceber que nada do que nos rodeia é nosso, apenas somos passageiros deste "calhau" que voga pela sistema solar, conseguiremos evoluir.... Viver em paz com o mundo que nos rodeia.

Sim porque é possível criar uma sociedade enquadrada na natureza que o rodeia... Utilizando tecnologia não poluente... Em paz com toda a humidade...

Utopia? Não... Apenas depende até que ponto conseguiremos romper com os hábitos instituídos, com interesses criados... E simplesmente até que ponto conseguiremos aceitar o nosso lugar no mundo, e aprender a respeitar o que nos rodeia...


"Quando os ricos proclamam a guerra, quem morre são os pobres" - Jean Paul Sartre

sexta-feira, 28 de novembro de 2008

O Pecado

Nesta vida que vivemos, olvidados por vezes de nós próprios, falamos em muitos conceitos e muitos deles sãos incutidos sem os entendermos convenientemente.

Um desses conceitos talvez seja o do pecado. O que será o Pecado? Numa sociedade em que o prazer têm que ser imediato, não dando apreço ao labor que envolver atingir um objectivo.

Ao prazer de sentir que o nosso trabalho deu frutos, deu lugar a busca incessante pelo prazer imediato.

Mas será esse o maior pecado, a busca da felicidade, ainda que por caminhos errados? Será esta sociedade culpa dessa procura?

Possivelmente será tão culpada como o rebanho que sem pastor que o oriente se aproxima perigosamente da toca do lobo, o qual barcaça sem timoneiro que ruma direito aos baixios.

A nossa sociedade tem uma sede incansável de alguém que a norteie, que desprendido de si e dos seus interesses próprios diga: Este é o RUMO!

Estamos cansados de falsos profetas, de timoneiros que nos levam em direcção aos baixios apenas para proveito próprio, estropiando esta sociedade de valores, despojando-a das suas virtudes.

Olho pela janela, a chuva cai docemente, e vejo as pessoas que passam apressadas na rua... E penso. Este é o maior pecado de todos. A falta de tempo para nos entregarmos, para nos darmos... Fruto desta falta de rumo secular, temos de trabalhar mais e mais... e o tempo que dedicamos ao que é importante ficou reduzido ao mínimo essencial.

E como consequência dessa falta de tempo, tentando ocultar as suas mágoas e a dor, afogam-se na busca do prazer fácil, como um marinheiro mata as saudades de casa num copo de álcool.

Será que se esta sociedade tivesse tempo para cuidar daquilo que importa - da família, das relações de vizinhanças, da amizade, ... - teríamos esta crise de valores? Duvido.

A sociedade fútil e vazia em que vivemos é fruto deste labor que nos asfixia, que nos rodeia, e nos torna imunes ao que nos rodeia... Quantas vezes erigimos escudos em nosso redor só para não perder tempo em brindar o outro com um sorriso, para dar uma mão amiga a alguém se caiu...

Sempre a falta de tempo... E o excesso de trabalho... Desculpas renitentes que nos assolam... E o tempo que nada vale... E o tempo que só tem valor se for preenchido com o calor do riso de uma criança, com o colorido das conversas de amigos, com a magia da alegria familiar.

Esse é o maior pecado... O desperdício do tempo que nos resta de vida...

A vida é mera passagem, por isso temos que beber cada instante como se fosse o último, não dizer à pessoa com quem escolhemos passar a vida: AMO-TE, não brincar com os nossos filhos, adiar para amanhã aquela visita ao amigo, aquela conversa com o familiar, aquele passeio com a esposa e os filhos... isso sim é pecado. Desperdício desta vida preciosa que nos foi concedida por efémeros momentos...

Por isso temos de viver cada dia como se fosse o último, e ter o coração aberto... amar e deixar ser amados...

Se tivermos o nosso coração destas alegrias, se não desperdiçarmos o nosso tempo, sentiremos que a nossa vida não é vazia e em vão, e não procuraremos afogar essas mágoas e essa dor nos prazeres fáceis e imediatos.

"Carpe Diem"

quinta-feira, 14 de agosto de 2008

Noite Perpétua


Por vezes as trevas cercam-nos... Oprimem o nosso coração... Duvidamos do nosso rumo, perdidos na neblina da nossa mente vogamos à procura de um ponto de luz que nos oriente, que nos mostre o rumo.

Quantas vezes nos sentimos assim?...

Toda a nossa vida procuramos a nossa razão de ser. O nosso lugar neste mundo... Procuramos a luz que nos oriente pelas dúvidas e pelas paredes que se nos colocam no caminho. Esta dúvida atroz que nos esmaga... Pensamos encontram esse sentido no trabalho... Outras vezes nas obras que façamos...

Passamos vida iludidos por uma realização pessoal e material que em nada nos deixa verdadeira realizados... Presos ao materialismo de uma vida que construímos em torno de uma ilusão, que se esfuma perante a fragilidade e efemeridade desta vida passageira e fugaz...

Olvidamos que o verdadeiro sentido da vida está no seio do nosso coração. A luz que nos orienta é o nosso coração. Só tendo fé nessa mesma luz podemos vogar de olhos vendados pela escuridão que nos teima em fustigar.


Nada mais puro que a luz que se encontra inscrita no seio de nós... Por mais que a tentemos apagar, ignorar, ela está lá, teima em acender-se e só por vezes perdura além de nós...

Quando as barreiras nos cercam, quando a escuridão chega, temos de olhar para dentro e ver o que realmente importa...

Não são os bens que consigo adquirir que importam, pois esses nunca serão meus, nada neste mudo é susceptível de apropriação apenas de fruição... Pois nos partimos e eles ficam cá... Mudando de mão em mão...

O que importa a alegria que conseguimos transmitir aos que nos rodeiam, aos que nos amam... Quantas vezes embebidos nas teias da vida, procurando dar um futuro melhor à nossa família nos esquecemos do mais importante... De nos entregarmos à nossa família... De brincarmos um pouco com os nossos filhos, de conversarmos com os nossos cônjuges????

"Mea Culpa..." por vezes, também eu me esqueço disso, não fosse um doce anjo que me impele a largar o trabalho, a ir brincar com o tesouro da minha vida. E quantas vezes me esqueço de lhe agradecer por fazer lembrar-me que o que conta não são os bens que deixo, mas o testemunho, os momentos de alegria que passo com aqueles que amo.

É isso que importa... Afinal é isso que fica, quando o nosso pó for varrido pelos ventos.. A nossa Memória.

É isto que esta sociedade consumista, comodista e em busca de prazeres imediatos, esquece.

Temos de deixar que a luz que nos ilumina no interior transborde e ilumine tudo o que nos rodeia, e mudar... Mudar os nossos hábitos.

A mudança tem de partir do nosso interior... Só aceitando as nossas falhas, admitindo as nossas limitações, ainda que tentando sempre superá-las, e entregando-nos de corpo e alma aqueles que amamos podemos viver em paz connosco e só assim mudar o rumo a sociedade em busca da verdadeira luz que a oriente pelas trevas que se instalam no seu seio e a querem oprimir e destruir...

Pois é no meio da escuridão que a mais pura das luzes vive...

sexta-feira, 18 de abril de 2008

Perdidos sem rumo...



Vogando numa sociedade desprendida de valores vamos sobrevivendo... Cada vez mais fechados na nossa cápsula protectora.

A sociedade desagrega-se a cada instante que passa, cada indivíduo mais individualista... Elogia-se o Ego, cultiva-se o EGO.

Nascidos numa cultura liberalista, extravasamos os limites da nossa liberdade... Invadimos a liberdade alheia, sem dó nem piedade... Cada vez mais competitivos, esquecemos valores ancestrais, mergulhamos esta sociedade num vazio de valores cada vez maior...

Desde que nascemos somos ensinados a ser egoístas... A ultrapassar tudo e todos! Em virtude de uma sociedade cada vez mais degenerada que nem os seus filhos respeita, protegemos os nosso filhos da sociedade.

Se vemos um estranho a sorrir para uma criança, desconfiamos, fugimos... E as crianças vão aprendendo a refugiar-se dos estranhos, fecham-se no seu casulo...

E esquecemos que devíamos abrir o nosso coração ao universo. Não é fechando-me em mim próprio que venço o mal, pois se eu refugiar-me em mim próprio deixo-me abater pelo medo.

Tenho de abrir as portas do meu coração, e estar preparado para o mal. Ensinar os meus filhos a viver com os seus corações abertos e desperto... Mas por outro lado sentir que estão preparados para se defenderem da maldade existente em cada recanto de cada ser...

Depois crescemos e vamos para a escola... Ensinam-nos a competir, a ser melhor que o nosso colega. Valores como a fraternidade, a ajuda mútua são postos de lado em prol da competitividade.

Acabamos o curso, vamos para a vida activa, casamos, temos filhos... E olhamos apenas para o nosso próprio ser.

No trabalho tentamos superar o nosso colega... Muitos vezes a qualquer custo. O valor monetário superar todo e qualquer outro interesse... A amizade, a camaradagem... Vezes sem conta traída pela ego económico.

Casamos porque nos sentimos sós... Mas esquecemos que o casamento mais que um contrato é uma vida nova. Uma vida a dois... Temos de aprender a tolerar o nosso companheiro. Nem sempre é fácil, a maior parte das vezes é difícil. É difícil alienar a nossa liberdade, um bocado do nosso espaço e entregar a outra pessoa... Mas a recompensa de um sorriso da pessoa amada deverá ser mais do que recompensa por essa entrega.

Contudo na sociedade actual o egocentrismo prevalece...

Não somos capaz de nos entregar ao nosso companheiro... Não abdicamos dos nossos vícios... Assistimos cada vez mais à desagregação da família... Ao divórcio em massa... Fruto deste egocentrismo crescente... Da perda de valores fulcrais para a vivência em sociedade....

A vida em sociedade encontra-se em ruptura... Perderam-se as relações de solidariedade... Os laços de vizinhança... Quantos de nós vivemos em blocos de apartamentos sobrepovoados e nem conhecemos os nossos vizinhos...

Quantos de nós passam pelos corredores dos prédios por fantasmas mudo e surdos...

A sociedade está a morrer... Ao poucos fechando-se em si mesma... Desagregando-se de valores, princípios, ideais...

Cada vez mais cedemos ao terror do mal... Alienamos a nossa intimidade em prol da segurança! Travamos uma luta cega contra o terrorismo... E fechamos-nos atrás de muros... Atrás de armas... E apesar de todos os muros... apesar de todas as armas, estamos a perder...

Por cada bomba de cai e nos escondemos nas cavernas... Por cada ameaça que é feita, e por cada polícia ou soldado que fica de escolta... Mais uma derrota... Devemos enfrentar cada ameaça sem receio de peito aberto ao mundo.

O medo é a maior arma do terrorismo... O medo que se insinua e se imiscui a cada instante da nossa vivência... E só o podemos derrotar se abrirmos os coração, se sairmos das cavernas onde nos escondemos dar-mos a mão aos nossos vizinhos, o sorriso bailar nos nossos lábios.. e enfrentarmos as hostes inimigas desarmados...

Caso contrário acabaremos num sociedade dominada pelas mordaças do medo e atada pelas cordas do egoísmo...


"É na mais negra escuridão que a a mais claro luz brilha"