quinta-feira, 14 de agosto de 2008

Noite Perpétua


Por vezes as trevas cercam-nos... Oprimem o nosso coração... Duvidamos do nosso rumo, perdidos na neblina da nossa mente vogamos à procura de um ponto de luz que nos oriente, que nos mostre o rumo.

Quantas vezes nos sentimos assim?...

Toda a nossa vida procuramos a nossa razão de ser. O nosso lugar neste mundo... Procuramos a luz que nos oriente pelas dúvidas e pelas paredes que se nos colocam no caminho. Esta dúvida atroz que nos esmaga... Pensamos encontram esse sentido no trabalho... Outras vezes nas obras que façamos...

Passamos vida iludidos por uma realização pessoal e material que em nada nos deixa verdadeira realizados... Presos ao materialismo de uma vida que construímos em torno de uma ilusão, que se esfuma perante a fragilidade e efemeridade desta vida passageira e fugaz...

Olvidamos que o verdadeiro sentido da vida está no seio do nosso coração. A luz que nos orienta é o nosso coração. Só tendo fé nessa mesma luz podemos vogar de olhos vendados pela escuridão que nos teima em fustigar.


Nada mais puro que a luz que se encontra inscrita no seio de nós... Por mais que a tentemos apagar, ignorar, ela está lá, teima em acender-se e só por vezes perdura além de nós...

Quando as barreiras nos cercam, quando a escuridão chega, temos de olhar para dentro e ver o que realmente importa...

Não são os bens que consigo adquirir que importam, pois esses nunca serão meus, nada neste mudo é susceptível de apropriação apenas de fruição... Pois nos partimos e eles ficam cá... Mudando de mão em mão...

O que importa a alegria que conseguimos transmitir aos que nos rodeiam, aos que nos amam... Quantas vezes embebidos nas teias da vida, procurando dar um futuro melhor à nossa família nos esquecemos do mais importante... De nos entregarmos à nossa família... De brincarmos um pouco com os nossos filhos, de conversarmos com os nossos cônjuges????

"Mea Culpa..." por vezes, também eu me esqueço disso, não fosse um doce anjo que me impele a largar o trabalho, a ir brincar com o tesouro da minha vida. E quantas vezes me esqueço de lhe agradecer por fazer lembrar-me que o que conta não são os bens que deixo, mas o testemunho, os momentos de alegria que passo com aqueles que amo.

É isso que importa... Afinal é isso que fica, quando o nosso pó for varrido pelos ventos.. A nossa Memória.

É isto que esta sociedade consumista, comodista e em busca de prazeres imediatos, esquece.

Temos de deixar que a luz que nos ilumina no interior transborde e ilumine tudo o que nos rodeia, e mudar... Mudar os nossos hábitos.

A mudança tem de partir do nosso interior... Só aceitando as nossas falhas, admitindo as nossas limitações, ainda que tentando sempre superá-las, e entregando-nos de corpo e alma aqueles que amamos podemos viver em paz connosco e só assim mudar o rumo a sociedade em busca da verdadeira luz que a oriente pelas trevas que se instalam no seu seio e a querem oprimir e destruir...

Pois é no meio da escuridão que a mais pura das luzes vive...

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