sexta-feira, 28 de novembro de 2008

O Pecado

Nesta vida que vivemos, olvidados por vezes de nós próprios, falamos em muitos conceitos e muitos deles sãos incutidos sem os entendermos convenientemente.

Um desses conceitos talvez seja o do pecado. O que será o Pecado? Numa sociedade em que o prazer têm que ser imediato, não dando apreço ao labor que envolver atingir um objectivo.

Ao prazer de sentir que o nosso trabalho deu frutos, deu lugar a busca incessante pelo prazer imediato.

Mas será esse o maior pecado, a busca da felicidade, ainda que por caminhos errados? Será esta sociedade culpa dessa procura?

Possivelmente será tão culpada como o rebanho que sem pastor que o oriente se aproxima perigosamente da toca do lobo, o qual barcaça sem timoneiro que ruma direito aos baixios.

A nossa sociedade tem uma sede incansável de alguém que a norteie, que desprendido de si e dos seus interesses próprios diga: Este é o RUMO!

Estamos cansados de falsos profetas, de timoneiros que nos levam em direcção aos baixios apenas para proveito próprio, estropiando esta sociedade de valores, despojando-a das suas virtudes.

Olho pela janela, a chuva cai docemente, e vejo as pessoas que passam apressadas na rua... E penso. Este é o maior pecado de todos. A falta de tempo para nos entregarmos, para nos darmos... Fruto desta falta de rumo secular, temos de trabalhar mais e mais... e o tempo que dedicamos ao que é importante ficou reduzido ao mínimo essencial.

E como consequência dessa falta de tempo, tentando ocultar as suas mágoas e a dor, afogam-se na busca do prazer fácil, como um marinheiro mata as saudades de casa num copo de álcool.

Será que se esta sociedade tivesse tempo para cuidar daquilo que importa - da família, das relações de vizinhanças, da amizade, ... - teríamos esta crise de valores? Duvido.

A sociedade fútil e vazia em que vivemos é fruto deste labor que nos asfixia, que nos rodeia, e nos torna imunes ao que nos rodeia... Quantas vezes erigimos escudos em nosso redor só para não perder tempo em brindar o outro com um sorriso, para dar uma mão amiga a alguém se caiu...

Sempre a falta de tempo... E o excesso de trabalho... Desculpas renitentes que nos assolam... E o tempo que nada vale... E o tempo que só tem valor se for preenchido com o calor do riso de uma criança, com o colorido das conversas de amigos, com a magia da alegria familiar.

Esse é o maior pecado... O desperdício do tempo que nos resta de vida...

A vida é mera passagem, por isso temos que beber cada instante como se fosse o último, não dizer à pessoa com quem escolhemos passar a vida: AMO-TE, não brincar com os nossos filhos, adiar para amanhã aquela visita ao amigo, aquela conversa com o familiar, aquele passeio com a esposa e os filhos... isso sim é pecado. Desperdício desta vida preciosa que nos foi concedida por efémeros momentos...

Por isso temos de viver cada dia como se fosse o último, e ter o coração aberto... amar e deixar ser amados...

Se tivermos o nosso coração destas alegrias, se não desperdiçarmos o nosso tempo, sentiremos que a nossa vida não é vazia e em vão, e não procuraremos afogar essas mágoas e essa dor nos prazeres fáceis e imediatos.

"Carpe Diem"

Nenhum comentário: